No início do ano, o Ministério da Saúde do governo Bolsonaro atacou as demandas da luta antimanicomial, presente no Brasil há mais de 30 anos. Essas demandas foram criadas para combater as violações aos direitos humanos nos hospitais psiquiátricos após os anos 1970. O Ministério sugere novas diretrizes de políticas de saúde a respeito de doenças mentais e drogas, e abre possibilidades para que o terror dos manicômios se instale novamente - como aconteceu no caso de Barbacena.
O complexo manicomial conhecido por "Cidade dos Loucos" foi fundado em 12 de outubro de 1903, em Barbacena, Minas Gerais. Antes de ser um local focado no "tratamento" psiquiátrico, o Hospital Colonial de Barbacena tratava pacientes vítimas da tuberculose, o que explica a localização afastada do hospital, em cima de uma montanha. Local perfeito também para excluir os grupos marginalizados da sociedade.
A instituição era formada por diversos prédios e pavilhões, e cada um deles tinha uma especialidade. Entre eles estavam o Pavilhão Zoroastro Passos, para onde iam as mulheres indigentes, e o Antônio Carlos, a área dos homens indigentes. Os pavilhões Afonso Pena, Milton Campos, Rodrigues Caldas e Júlio Moura recebiam todo o tipo de pessoas, sendo que 70% deles não tinha nenhum diagnóstico mental. Eram alcoólatras, homossexuais, prostitutas, viciados em drogas, e mendigos. Os indesejados pela sociedade.