Em volta, incontáveis plantas e árvores, algumas verdes e com uma vivacidade úmida, já outras secas e quase desfazendo-se, como uma árvore desmatada ou um corpo em decomposição, observando a natureza ao redor, enquanto navegava, ela observava melhor a si mesma, a cada remada do Caronte, ela percebia um aspecto diferente de si mesma e do mundo, a cada leve curva dava-se conta dessa linha que permeia tudo e nada, sentada na beira do barco, molhando apenas seus pés.
No balanço da canoa feita de um velho carvalho que agora nada, tudo ali parecia surreal, e não era mais que o real, sem concepções ou filtros, preconceitos ou definições, as coisas apenas eram, e enquanto ela contemplava o mundo via a si mesma, nos outros via aspectos de si, e o aprendizado era o seu próprio professor. A vida ensina, a morte dá coragem, força para remar, coragem para seguir em frente, mesmo que tempestades surjam ou curvas se tornem sinuosas.
"Não se trata de pessimismo ou otimismo" - ela pensou - "É mais uma questão de viver, de verdade, não apenas fingir, esconder-se por trás de máscaras, manter-se preso à casulos, sobrevivendo, ao invés, encarar o desconhecido com brilho no olhar, experiência, evoluir e aprender, sentindo e não apenas pensando, seu coração pulsava, ela sentia o ar puro do ambiente penetrar seus pulmões os enchendo, fazia um bom tempo que não percebia que o tempo não é nada mais do que o próprio momento, sonambula, acordou com o tremular da canoa.
E assim, em mais um dia, prosseguiu.
(Continua..)
Por: David Alves Mendes
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