Os freak shows eram bastante populares no século 19. Exposta em uma caixa de vidro grosso, a Sereia de Fiji foi uma das atrações mais conhecidas na época.
Durante quase todo o século 19, as pessoas eram profundamente atraídas por circos bizarros e shows macabros, os famigerados Freak Shows.
Naquela época, quanto mais bizarra e singular fosse a atração, maior era o entretenimento do público, assim como o lucro.
Assim, mulheres barbadas, pessoas fisicamente alteradas ou com deficiências, e até mesmo criaturas não humanas eram os "queridinhos" do show business.
Ainda que fossem tratados como aberrações pela sociedade, tais artistas arrecadavam valores exorbitantes todas as noites. Já até escrevi um artigo aqui no blog expondo cinco dos mais populares artistas de Freak Shows.
Leia mais: 5 DOS MAIS FAMOSOS ARTISTAS DE FREAK SHOWS
Exposta em uma caixa de vidro grosso, a Sereia de Fiji foi uma das atrações mais conhecidas na época. Junto de diversos outros indivíduos semelhantes, ela atraiu a atenção de cidades inteiras ao redor do mundo — verdadeira ou não.
Vamos saber um pouco mais a história dessa misteriosa sereia.
Ilustração da suposta Sereia de Fiji.
Reza a lenda que, logo no início dos anos 1800, a misteriosa sereia foi encontrada perto das Ilhas de Fiji, no Pacífico Sul. Intrigados, marinheiros japoneses deram nome ao ser capturado e trouxeram-na para terra firme.
Naquela época, comerciantes holandeses eram intimamente ligados ao mercado Japonês. Dessa forma, após algumas negociações amigáveis, a sereia foi comprada, isso em meados da década de 1810.
Por anos, a criatura marítima fez sucesso em terras holandesas até chamar atenção de Samuel Barrett Edes. Altamente intrigado pela entidade mística, o capitão norte-americano arrematou a sereia por 6 mil dólares, em 1822.
Com um tórax semelhante ao dos humanos e uma cauda grossa, o indivíduo foi exibido em Londres naquele mesmo ano. A sereia foi divulgada em jornais, a fila da exposição estava sempre lotada e as opiniões sobre sua veracidade eram bastante divididas, o que gerou muita polêmica na época.
O INÍCIO DE UMA VIAGEM
Em meados de 1840, Samuel Barrett Edes morreu e deixou seu bem mais precioso de herança para seu filho. Cansado da sereia, no entanto, o jovem vendeu o artefato para Moses Kimball, integrante do Museu de Boston.
Uma vez detentor da espécime, Moses imaginou que um amigo de Nova York saberia como proceder com a sereia. Assim, o famoso P. T. Barnum colocou os olhos no ser místico pela primeira vez, em 1842.
Profundo apreciador do oculto, Barnum passou a alugar a sereia de Moses e expô-la no Museu Americano de Barnum, em Nova York. Pagando US $ 12,50 por semana, ele passou a ganhar milhares de dólares.
MUNDO À FORA
Percebendo a fama da criatura e a forma como ela conquistava o olhar dos curiosos, Barnum decidiu criar uma publicidade mais agressiva.
Assim, ele enviou cartas anônimas para diversos veículos jornalísticos, apresentando a sereia.
Cadáver da suposta sereia exposta em um museu.
Nos textos, ele explicava que um explorador havia capturado a criatura durante uma de suas viagens na América do Sul. Sob o nome de Dr. J. Griffin, então, um empregado de Barnum passou a viajar com a sereia, alegando tê-la encontrado.
O sucesso da peça era inegável e Barnum pensava ter tirado a sorte grande.
Porém após ocorrer um incêndio no Museu Americano de Barnum, a sereia acabou por desaparecer em 1859. Seu paradeiro até hoje foi encontrado e a memória da mesma ficou apenas em fotos e ilustrações.
DESMASCARANDO UMA FARSA
O legado da suposta sereia se seguiu por anos, ainda mais quando outros espécimes parecidos apareceram. Especialistas, contudo, estavam determinados a desvendar a história por trás da criatura de Barnum.
Foi descoberto, então, que o ser místico, na verdade, era composto pelo tronco um macaco costurado à metade de um peixe.
No caso da Sereia de Fiji, especialistas concluíram que o artefato era a junção de um orangotango com um salmão.
Segundo um artigo publicado pela revista Western Folklore na época, a sereia provavelmente foi criada por um pescador japonês, no início de 1800. Essa seria uma tradição asiática que, desconhecida pelo Ocidente, enganou desavisados e ainda garantiu um mundo de fama para aqueles que decidiram expô-la.
Adaptado por: David Alves Mendes
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