Cococi é um distrito de Parambu distante 63 km da sede e a cerca de 450 km de Fortaleza. No século XVIII foi onde se estabeleceu o clã dos Feitosa, uma rica família vinda da bacia do Rio São Francisco. A cidade nasceu dentro de uma enorme fazenda da família, que doava os terrenos aos moradores. Ainda hoje para chegar à localidade, é preciso abrir meia dúzia de porteiras.
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HISTÓRIA
Nos anos 50, Cococi passou de distrito a município, mas a administração da cidade teria cometido irregularidades na aplicação de verbas destinadas ao município.
Conta-se que durante a gestão do Major Feitosa, (no seu segundo mandato e o terceiro do Município), o prefeito teria recebido verbas para realizar investimentos na cidade, mas utilizou o dinheiro para compra de gado.
O fato chegou ao conhecimento do governo federal, à época ditadura militar, que, em 1968, optou pela extinção do município, voltando a ser distrito. Revoltada com a decisão do governo, a família Feitosa decidiu deixar a cidade que acabou se tornando economicamente inviável.
Pouco a pouco os outros moradores também foram se mudando para outros municípios.Hoje apenas três casas ainda tem moradores, com 6 pessoas que vivem sem água, sem energia elétrica, isolados e esquecidos.
Segue um “tour turístico em vídeo” da cidade, desfrutem:
FILME "MÃE E FILHA"
A imagem que ilustra essa matéria é a capa do filme "Mãe e Filha", lançado em 2011 sob a direção de Petrus Cariry. Mas o que isso tem a ver com a "cidade fantasma"? Bem, o longa metragem se passa exatamente na cidade de Cococi.
Não cheguei a assistir o mesmo mas pretendo, e quando o fizer voltarei aqui para falar um pouco mais sobre o mesmo, mas pelo que vi, trata-se de uma obra com um ar bastante sombrio, e o fato do cenário se passar na cidade fantasma apenas colabora para esse clima obscuro.
Deixarei abaixo uma pequena crítica ao filme retirada do site "Cine Pipoca Cult", deixarei também o link para que possam ler o texto completo escrito pela doutoranda, especialista em cinema, Amanda Aouad:
"Grande vencedor do Cine Ceará de 2011, onde levou cinco prêmios, inclusive melhor filme e roteiro, Mãe e Filha foi ainda contemplado no Festival do Rio e Festival de Cuiabá com os prêmios de melhor fotografia. Sua estrutura porém, acaba assustando boa parte do público.
De fato, se fosse um curta-metragem, poderia ser mais palatável. Porém, os oitenta minutos construídos por Petrus Cariry não deixa de ser uma viagem imagética e simbólica extremamente prazerosa aos que se deixaram fazer conexões. Sem isso, fica mesmo uma história estranha no fim do mundo. Ou melhor, na cidade fantasma de Cococi no vale do Inhamuns no Ceará. Quando uma filha retorna depois de anos distante para a casa onde a mãe vive sozinha, levando com ela um filho morto para a genitora abençoar e com isso, enterrar. Mas, a genitora não deixará que isso aconteça tão facilmente.
Zezita Matos e Juliana Carvalho em cena de MÃE E FILHA
A interpretação mais rasa e simples, nos mostra essa mãe, arcaica, solitária e quase enlouquecida, contrastando com essa filha prática e quase insensível, já que consegue carregar um filho morto sem maiores problemas emocionais. Tem a questão da pobreza, do abandono, das ruínas daquela cidade. E dessa negação da avó em querer enterrar o neto, ou melhor, que sequer admite que ele está morto. Ninando-o e conversando sobre o seu futuro. Enquanto essa mãe, aparentemente prática, vai deixando a vida correr, sem uma atitude mais enérgica em relação à demora do ato.
Mas, Petrus Cariry nos dá alguns indícios de que sua história não pode ser vista apenas com esses olhos práticos. O simbolismo permeia toda a trama, envolvendo religião, os conceitos de Deus, de Jesus Cristo e dos caminhos da humanidade. Um filho morto que a avó insiste em tratar como vivo. Essa mesma avó que vive em uma cidade fantasma, onde apenas ruínas a cercam e que, de certa maneira, assumiu o papel de tudo. Não por acaso, ela leva o neto Antonio até o que restou da igreja local e o batiza com os dizeres "pelo poder por mim investido". Essa mesma senhora, que se tornou a própria Igreja Católica, ao ser questionada pela filha se acredita em Deus,
pergunta "Que Deus?" [...]"
Pois bem, como sendo cearense, tal cidade me chamou bastante atenção, até então desconhecia sua existência, assim como a do filme, dirigido pelo renomado cineasta Petrus Cariry, que também é cearense, nascido na capital do estado (Fortaleza).
Por fim, irei arrumar um tempo para assistir as obras de Cariry que, pelo que li em alguns artigos, parecem ser ótimas, vindo a ganhar diversos prêmios, inclusive o "prêmio Netflix" com a sua obra "Clarisse". Isso irá render boas análises e críticas que trarei aqui para o blog.
Para finalizar esse artigo, deixo para vocês o trailer da obra "Mãe e Filha":
Adaptado de: Aprenda a Valorizar
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