Ano passado tive a ideia de escrever um artigo abordando algumas músicas que ouço e carregam consigo algo que foge do senso comum, dos padrões da música comercial ao qual estamos acostumados, até mesmo um clima peculiar que as envolve, seja na composição, nos arranjos ou até mesmo nos clipes.
Música é um assunto complexo de se discutir, afinal, cada um possui suas preferências e enxerga (ou melhor, ouve) à sua maneira, portanto o meu intuito principal não é comentar acerca das músicas que listarei, mas sim deixá-las em aberto para que vocês ouçam e as interpretem à sua maneira, sintam-se à vontade para expressar sua opinião/ponto de vista nos comentários, afinal, a arte é algo bastante relativo.
Confira também as outras partes do artigo clicando nos links abaixo:
Sem mais delongas, vamos ao que interessa:
6. ABRAXAS - Caronte
Já citei essa banda em artigos anteriores, trata-se de uma banda italiana cuja temática se concentra no ocultismo de uma forma geral, abordando vertentes como a filosofia de Thelema, a Ars Goetia, dentre outras variações de ciências ocultas.
O vocalista (Dorian Bones) é ocultista inveterado, fundador de uma sociedade oculta italiana chamada La-Società-dello-Zolfo (LSDZ). Só o significado por trás do título da canção (Abraxas) já daria uma matéria enorme, eis aí uma ideia para uma próxima postagem.
Esse clipe em especial mostra a realização de um ritual, envolvendo a evocação de entidades, teurgia (uma prática mágicka), sacrifícios de sangue e até mesmo magia sexual, isso sem falar das incontáveis simbologias inclusas. Algo explícito até certo ponto, nas entrelinhas há muita coisa oculta, para entender o que se passa ali é necessário ter um conhecimento acerca do práticas ritualísticas, simbologia e ocultismo no geral.
O melhor é assistir o clipe e conferir o som por si mesmos.
5. ROMEO - Thiago Pethit
Thiago Pethit é um músico brasileiro, com quatro álbuns lançados (o último veio a público recentemente, após uma pausa que o mesmo deu em sua carreira). Trago esse clipe em especial não apenas por ser um dos meus favoritos, mas pelo nível de complexidade em sua simplicidade. Num mesclado de sentimentalismo desenfreado e insanidade ele consegue criar um som bastante original.
A simplicidade (e vulgaridade) da composição harmoniza-se com o clipe, muito bem produzido por sinal, assim como o roteiro que é a peça chave da obra, temos como protagonista um casal que foge totalmente de qualquer padrão, a primeira vez que assisti lembrei de Bonnie e Clyde, vale ressaltar que a melhor parte da obra é o desfecho, completamente inesperado.
Eu poderia falar muito mais, porém deixarei apenas um trecho da letra que resume bem a obra como um todo:
"Baby quando eu te vi eu não soube dizer
se queria matar ou se queria meter,
você foi o mais perto que cheguei de morrer,
e se for pra morrer eu vou..."
4. ATEMPORAL - Paimon
Já recomendei e comentei muitas músicas desse artista, trata-se de um projeto solo de rap voltado ao ato de questionar a existência, formas de pensar e enxergar o mundo, suas letras são repletas de referências à espiritualidade, além de tratar sobre assuntos como ufologia, universos paralelos, magia, filosofia, dentre outras temáticas, principalmente o ocultismo.
Esse som foi lançado faz pouco menos de três meses, recheado de críticas, simbologia e mensagens que fazem jus ao título desse artigo, são ideias que lhe farão refletir por um bom tempo. Definitivamente uma música para "loucos" de mente aberta, como o próprio artista diz em um trecho:
"Pretendo não ser internado, mas os meus assuntos
são motivos de surto, em alguns casos
isolados causam até delírio..."
Para saber mais sobre o projeto Paimon, clique aqui.
3. LOTERIA DA BABILÔNIA - Raul Seixas
É desnecessário constatar o óbvio, Raul Seixas revolucionou a música brasileira com sua versatilidade e mentalidade a frente de seu tempo, não é a toa que o mesmo é idolatrado até os dias atuais, particularmente sou apaixonado por sua obra, tanto sozinho como junto de parceiros como o escritor Paulo Coelho, o mesmo produziu sucessos que marcaram a história do rock nacional.
Porém o que poucos sabem é a ligação que o mesmo possui com o ocultismo, no qual foi introduzido por Paulo Coelho na época em que ambos trabalhavam juntos, já falei sobre isso em outro artigo, caso queira conferir a história em detalhes basta clicar aqui.
Boa parte de suas músicas fazem referências ao "oculto", e o próprio Raul em suas apresentações costumava ler o "Liber Oz" durante o show, um manuscrito que declara os direitos de todo Homem e de toda Mulher abordando a liberdade com base nos conceitos da da Lei de Thelema: "Faze o que tu queres há de ser tudo da lei", redigido em 1941 por Alesteir Crowley (clique aqui para saber sobre o controverso mago precursor de uma nova era).
Essa música em especial, Loteria da Babilônia, segundo algumas teorias, trata-se de uma homenagem ao Crowley, já que na letra há diversas referências a feitos realizados pelo mago, isso sem falar que o mesmo foi uma grande influência para Raulzito, a apresentação no vídeo acima é um registro raríssimo, onde o mesmo oficializa a "Sociedade Alternativa", não é à toa que o mesmo encerra a música com a seguinte frase:
"Estou lançando aqui a semente, a semente de uma nova idade da qual vocês todos são testemunhas, a sociedade alternativa está nascendo aqui pra vocês."
2. EU NÃO VIVO AQUI - Beli Remour
Não consigo encaixar tal artista em um gênero específico, altamente versátil e original, o mesmo retrata a realidade de uma forma poética em suas letras, com arranjos surreais e clipes lisérgicos, as vezes penso que através de suas obras ele cria seu próprio gênero, ou quem sabe busque fugir disso, mantendo-se livre da amarra dos rótulos.
Um amigo me recomendou os sons dele, e acabei por me viciar, desde então não parei mais de ouvir. Sua música não é feita para ouvir só uma vez, pois a cada vez que se escuta surge uma brecha para uma nova interpretação, isso sem falar das metáforas cujo sentido muitas vezes passa despercebido.
Ano passado o mesmo lançou um álbum intitulado: "O Minimalismo é Rosa", geralmente suas músicas sempre vem acompanhadas de clipes (EPs visuais), o que torna sua obra ainda mais completa. É uma tarefa difícil falar sobre tal trabalho em um curto espaço como esse, quem sabe mais para a frente eu escreva uma matéria dedicada apenas ao artista.
A música acima: "Eu não vivo aqui", aborda o sentimento de vazio existencial que todos carregamos em nosso íntimo, a dor, as mágoas e o peso que se acumula com o tempo, aquela sensação de não se encaixar, não pertencer a esse meio, como se realmente "não vivêssemos aqui", o melhor a fazer é ouvir e sentir o que o mesmo tem a expressar.
Além dos projetos solos, Beli tem um projeto que idealizou juntamente com seu amigo/parceiro Fraj, intitulado: "Kodak Ninja & Urso em Mandarim", vale a pena conferir e tirar suas próprias conclusão, afinal, minhas palavras são apenas a expressão de meu ponto de vista, uma dentre múltiplas formas de se enxergar uma mesma obra.
1. LIKE A STONE - Audioslave
Audioslave é uma banda bastante popular, essa canção em especial me trás um forte sentimento de melancolia, algo intrínseco ao vocalista (Chris Cornell), além dos arranjos que dão vida à composição, a letra me faz refletir acerca da vida e da morte, a sensação de estar só mesmo que cercado de pessoas, como em meio a um arquipélago, porém cada um individualmente ilhado (ou preso) em sua própria consciência.
Não consigo definir bem o que sinto, mas é uma "tristeza confortável", por outro lado trás uma sensação ruim levando em conta a história da banda, já que o vocalista se suicidou em 2017, aos 52 anos.
Assim como Chester Bennington (do Linkin Park) entre outros artistas, Cornell desabafava em suas composições os sentimentos que o afligiam, como uma válvula de escape para liberar a tensão da vida por meio da música. Cito o Chester pois ele e o Chris tinham um forte vínculo de amizade, e em uma trágica coincidência, exatamente um ano após a morte do amigo, Chester cometeu suicídio da mesma forma.
Porém tais acontecimentos não ofuscam a beleza de seus trabalhos, eles podem ter partido, mas ficarão eternizados em suas obras, servindo de motivação, inspiração e até mesmo um tipo de terapia para outros que passam pelos mesmos problemas, a tormenta da depressão e do vácuo existencial.
"Pretendo não ser internado, mas os meus assuntos
são motivos de surto, em alguns casos
isolados causam até delírio..."
Para saber mais sobre o projeto Paimon, clique aqui.
3. LOTERIA DA BABILÔNIA - Raul Seixas
É desnecessário constatar o óbvio, Raul Seixas revolucionou a música brasileira com sua versatilidade e mentalidade a frente de seu tempo, não é a toa que o mesmo é idolatrado até os dias atuais, particularmente sou apaixonado por sua obra, tanto sozinho como junto de parceiros como o escritor Paulo Coelho, o mesmo produziu sucessos que marcaram a história do rock nacional.
Porém o que poucos sabem é a ligação que o mesmo possui com o ocultismo, no qual foi introduzido por Paulo Coelho na época em que ambos trabalhavam juntos, já falei sobre isso em outro artigo, caso queira conferir a história em detalhes basta clicar aqui.
Boa parte de suas músicas fazem referências ao "oculto", e o próprio Raul em suas apresentações costumava ler o "Liber Oz" durante o show, um manuscrito que declara os direitos de todo Homem e de toda Mulher abordando a liberdade com base nos conceitos da da Lei de Thelema: "Faze o que tu queres há de ser tudo da lei", redigido em 1941 por Alesteir Crowley (clique aqui para saber sobre o controverso mago precursor de uma nova era).
Essa música em especial, Loteria da Babilônia, segundo algumas teorias, trata-se de uma homenagem ao Crowley, já que na letra há diversas referências a feitos realizados pelo mago, isso sem falar que o mesmo foi uma grande influência para Raulzito, a apresentação no vídeo acima é um registro raríssimo, onde o mesmo oficializa a "Sociedade Alternativa", não é à toa que o mesmo encerra a música com a seguinte frase:
"Estou lançando aqui a semente, a semente de uma nova idade da qual vocês todos são testemunhas, a sociedade alternativa está nascendo aqui pra vocês."
2. EU NÃO VIVO AQUI - Beli Remour
Não consigo encaixar tal artista em um gênero específico, altamente versátil e original, o mesmo retrata a realidade de uma forma poética em suas letras, com arranjos surreais e clipes lisérgicos, as vezes penso que através de suas obras ele cria seu próprio gênero, ou quem sabe busque fugir disso, mantendo-se livre da amarra dos rótulos.
Um amigo me recomendou os sons dele, e acabei por me viciar, desde então não parei mais de ouvir. Sua música não é feita para ouvir só uma vez, pois a cada vez que se escuta surge uma brecha para uma nova interpretação, isso sem falar das metáforas cujo sentido muitas vezes passa despercebido.
Ano passado o mesmo lançou um álbum intitulado: "O Minimalismo é Rosa", geralmente suas músicas sempre vem acompanhadas de clipes (EPs visuais), o que torna sua obra ainda mais completa. É uma tarefa difícil falar sobre tal trabalho em um curto espaço como esse, quem sabe mais para a frente eu escreva uma matéria dedicada apenas ao artista.
A música acima: "Eu não vivo aqui", aborda o sentimento de vazio existencial que todos carregamos em nosso íntimo, a dor, as mágoas e o peso que se acumula com o tempo, aquela sensação de não se encaixar, não pertencer a esse meio, como se realmente "não vivêssemos aqui", o melhor a fazer é ouvir e sentir o que o mesmo tem a expressar.
Além dos projetos solos, Beli tem um projeto que idealizou juntamente com seu amigo/parceiro Fraj, intitulado: "Kodak Ninja & Urso em Mandarim", vale a pena conferir e tirar suas próprias conclusão, afinal, minhas palavras são apenas a expressão de meu ponto de vista, uma dentre múltiplas formas de se enxergar uma mesma obra.
Deixo acima o álbum "O Minimalismo é Rosa" como um bônus.
1. LIKE A STONE - Audioslave
Audioslave é uma banda bastante popular, essa canção em especial me trás um forte sentimento de melancolia, algo intrínseco ao vocalista (Chris Cornell), além dos arranjos que dão vida à composição, a letra me faz refletir acerca da vida e da morte, a sensação de estar só mesmo que cercado de pessoas, como em meio a um arquipélago, porém cada um individualmente ilhado (ou preso) em sua própria consciência.
Não consigo definir bem o que sinto, mas é uma "tristeza confortável", por outro lado trás uma sensação ruim levando em conta a história da banda, já que o vocalista se suicidou em 2017, aos 52 anos.
Assim como Chester Bennington (do Linkin Park) entre outros artistas, Cornell desabafava em suas composições os sentimentos que o afligiam, como uma válvula de escape para liberar a tensão da vida por meio da música. Cito o Chester pois ele e o Chris tinham um forte vínculo de amizade, e em uma trágica coincidência, exatamente um ano após a morte do amigo, Chester cometeu suicídio da mesma forma.
Porém tais acontecimentos não ofuscam a beleza de seus trabalhos, eles podem ter partido, mas ficarão eternizados em suas obras, servindo de motivação, inspiração e até mesmo um tipo de terapia para outros que passam pelos mesmos problemas, a tormenta da depressão e do vácuo existencial.
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