A Segunda Guerra Mundial é palco de inúmeras histórias de barbáries cometidas contra a humanidade, esses atos abomináveis foram cometidos tanto pelos nazistas, como pelos demais envolvidos na guerra, não importando o lado em que estavam. Mas é de consenso geral que o Holocausto promovido pelos nazistas foi o episódio mais marcante entre as histórias tenebrosas dessa maldita guerra.
Terezín, um campo de concentração instalado pelos nazistas na periferia de Praga, que era chamado de "Sala de espera do inferno", foi uma parada sem volta para mais de 150 mil judeus cujo destino final era o temível campo de concentração de Auschwitz, 15 mil desses prisioneiros eram crianças e pré-adolescentes.
Certamente um evento trágico!
Certamente um evento trágico!
FRIEDL DICKER BRANDEIS, UMA BOA ALMA NA SALA DE ESPERA DO INFERNO.
A artista e educadora Friedl Dicker Brandeis, nascida em Viena, Áustria, dedicou o tempo que passou aprisionada em Terezín para ensinar arte como terapia para muitas das crianças presas assim como ela. Antes de ser executada, Friedl conseguiu resgatar 450 desses desenhos, que mais tarde serviram como prova em Nuremberg e que dão um testemunho indelével de toda a barbárie do Terceiro Reich.
Friedl conseguiu fazer as crianças recordarem, através dos desenhos, da vida que tinham antes de serem arrancadas de suas casas, mas elas também colocaram no papel toda a triste e horrível realidade do campo de concentração.
A ARTE E A FANTASIA COMO FORMAS DE ESPERANÇA
Acima de tudo, com a arte, as crianças podiam transportar-se para um mundo de imaginação e fantasia, um mundo onde o bem prevalecia sobre o mal, onde as pessoas eram livres e a esperança, o caminho logo à frente. São inúmeros os desenhos representando a volta para casa, as cenas cotidianas e o desejo de liberdade. Friedl respeitava plenamente a personalidade de cada criança e deixava que elas derramassem e abrissem suas percepções sobre todas as atrocidades que viam no campo de concentração.
Quando
a guerra terminou, somente cem das quinze mil crianças aprisionadas em
Terezín, estavam vivas. Muitos dos desenhos tem uma excelente qualidade,
levando-se em conta a idade de seus autores. Sem surpresa, algumas
daquelas crianças se tornaram artistas de renome. É incrível como até
mesmo na mais densa das trevas, uma pequena luz pode surgir, e alçar o
espírito humano para a liberdade. Em Terezín, esse raio de esperança
chamava-se Friedl Dicker Brandeis!
Confira os desenhos feito pelos jovens sob os auspicios de Brandeis:
1. "Todo mundo tem fome" – por Liana Franklová, de 10 anos, prisioneira em Terezín. O desenho demonstra a escassez de alimentos, o que me chamou atenção foi o personagem com os braços levantados, como se estivesse orando, provavelmente uma representação da própria autora do desenho, afinal, ela não poderia fazer nada diante daquela situação a não ser rezar.
2. "Campo
Terezín. Helga Weissova, aos 13 anos nos conta nesse desenho que os
nazistas obrigaram os prisioneiros a cortar os beliches. A intenção era
fazer o barracão parecer menos apertado, para enganar a inspeção da Cruz
Vermelha."
3/4. "Gueto de Bedzin, Polônia. Ella Liebermann, de 16 anos nos mostra como os judeus eram transportados para a morte. É possível perceber no desenho a super lotação no trem, além da expressão triste das pessoas e os soldados nazistas armados impondo autoridade e violência.
Em outro desenho Ella Liebermann retrata como os filhos eram cruelmente arrancados de suas mães pelos nazistas.
5. Alfred Kantor - Teresin, de 17 anos, escreveu sobre seu desenho: "Tocar a cerca significava morte imediata, ainda assim, as pessoas compartilhavam pão, um sorriso… uma lágrima. Ele faleceu em 16 de janeiro de 2003, em Yarmouth, nos Estados Unidos da América."
6. Edita
Pollakova, de 9 anos, desenha a chegada do trem de deportação a
Terezín. Edita morreu em 4 de outubro de 1944, em Auschwitz.
7. Ella Liebermann nasceu em Berlim em 1927, vindo a ser deportada em 1943 para Auschwitz junto de sua familia. Ao ser libertada passou a estudar pintura e arte na Universidade de Haifa. Liebermman pintou diversas obras, por incentivo de seu marido, como uma forma de superar os traumas. Ella faleceu no ano de 1998, tinha 16 anos quando fez os desenhos.
8/9. Helga
Weissova, de13 anos. Desenho intitulado: Chegada a Terezín. Helga chegou
ao campo com somente 12 anos. Ela trazia consigo uma caixa de pinturas e
um caderno. Helga fez mais de 100 desenhos sobre a vida no campo,
seguindo a recomendação de seu pai:
"Pinte o que você vê."
Ela foi uma das poucas sobreviventes daquele pesadelo.
O último desenho de Helga foi feito fora de Terezín em 1945.
10. Yehuda Bacon, com 16 anos, ao sair de Terezín, desenhou o retrato de seu pai, que havia sido assassinado nas câmaras de gás e cremado em Auschwitz. A face do pai, emerge da fumaça de um forno de cremação.
A crueldade humana não tem limites, deveríamos expressar mais certos fatos sobre as guerras mundiais e holocaustos a fim de que tais crueldades nunca venham a acontecer novamente, somos melhores que isso, para essas pessoas que sobreviveram à tais condições, o holocausto ficou no passado, mas deixou cicatrizes permanentes, não só físicas como mentais e emocionais.
Adaptado de Noite Sinistra
Comentários
Postar um comentário