O tema da postagem de hoje é considerada como um dos grandes mistérios criptográficos do mundo, as denominadas "cifras de Beale" continuam chamando a atenção de diversas pessoas, principalmente por que as três mensagens ali contidas supostamente a localização de um suposto tesouro enterrado no estado de Virgínia, nos EUA.
A série de mensagens foi deixada por Thomas J. Beale, em 1822 a um amigo com a promessa de usá-la se ele não retornasse de uma viagem, ao decifrar as mensagens, estas levariam a um fabuloso tesouro enterrado em algum ponto de Montvale, no Condado de Bedford, Virgínia, Estados Unidos. A primeira mensagem indica a localização do tesouro, a segunda (até agora a única decifrada) o descreve e a terceira traz os nomes dos companheiros de Beale que receberão sua parte.
O valor do tesouro, segundo as cotações atuais do ouro e prata, resulta numa importância de 20 milhões de dólares. Seu peso foi estimado em três toneladas.
Há muita discussão em torno da história de Beale e seu tesouro enterrado e ainda falta uma prova concreta de sua existência e de seus companheiros.
O início da lenda
Tudo o que sabemos a respeito de enigma de Beale é que tudo começou através de uma publicação, de 1885, com mais de 20 páginas, cujo título era “The Beale Papers”, por um autor que preferiu manter o anonimato.
Segundo o folheto, uma equipe de aventureiros liderada por Thomas Beale acumulou uma grande fortuna em ouro enquanto viajava por Santa Fé, no Novo México. Os 30 membros do grupo de expedição teriam enterrado todo esse tesouro em algum local na Virgínia, provavelmente no condado de Bedford.
Beale teria entregado para Robert Morriss, dono de um hotel em Lynchburg, na Virgínia, mensagens protegidas em uma caixa de ferro. Beale explicou em uma carta no começo de 1822 que os documentos entregues faziam referência ao tesouro. Ele pediu para o homem, que era seu amigo, para guardá-la pelos próximos 10 anos, à menos que ele não voltasse de uma viagem. A carta ainda mencionava que um amigo seu tinha a chave para decifrar as mensagens, e que mandaria para Morriss posteriormente.
Contudo, essa era a última vez que Beale dava sinal de sua existência. Morriss nunca recebera a chave, e decidiu por si só abrir a caixa lacrada e decifrar o documento, em 1845. Sem obter resultados, ele deu a caixa e as mensagens para um amigo. Esse amigo era o autor do folheto que divulgara a história.
Das 3 páginas, somente uma delas foi descriptografada pelo misterioso amigo de Morriss. Ela detalhava o tesouro, como já dito, mas não a localização dele. O método de cifra usado nas mensagens consiste em usar um texto-chave, e esse texto era a Declaração de Independência dos Estados Unidos da América, cuja cópia estava com o amigo de Morriss.
Vários especialistas tentarem decifrar os códigos, sem sucesso. Até hoje muitas pessoas ainda acreditam que possam encontrar o tesouro de Beale. Anualmente, o condado de Bedford recebe muitas visitas de pessoas de todos os cantos dos EUA. Com o dinheiro dessas pessoas, algumas empresas investiram em equipamentos que possam ajudar na localização do suposto tesouro.
Primeira página cifrada por Beale
Abaixo vocês poderão conferir uma imagem com a mensagem que seria a primeira das três cifras de Beale.
Segunda página cifrada por Beale
Essa segunda parte é a única que já foi decifrada como vocês poderão conferir mais abaixo.
Terceira página cifrada por Beale
Essa, a terceira e última página do documento que compõe as cifras de Bale.
Processo de "decifragem" da segunda página
A segunda página pôde ser decifrada usando uma cópia da Declaração da Independência dos Estados Unidos da América. A princípio, foi necessário numerar as palavras do texto da Declaração de Independência de dez em dez.
O primeiro número da página cifrada é 115, e a palavra marcada com o número 115 no texto da declaração é "instituted", sendo assim, o primeiro número (115) representa a letra "i".
O segundo número no texto cifrado é 73 e a palavra correspondente no texto da Declaração é "hold", assim, 73 representa a letra "h".
Continuando com esse processo teremos a seguinte sequência que resultará nas três primeiras palavras (I have deposited) do texto cifrado por Beale.
Mensagem da segunda página
Segundo o folheto publicado em 1885, a mensagem decifrada da segunda página das cifras é a seguinte:
”Eu depositei no condado de Bedford, a seis quilômetros de Budford, em uma escavação ou cripta, cerca de 1,80 metros abaixo da superfície do solo o seguinte conteúdo, tudo pertencendo às partes cujos nomes serão dados no texto número 3. O primeiro depósito consiste em mil e quatorze libras de ouro e três mil, oitocentas e doze libras de prata, depositadas em novembro de 1819. O segundo depósito foi feito em dezembro de 1821 e consiste em mil novecentas e sete libras de ouro e mil duzentas e oitenta e oito libras de prata. Também há jóias obtidas em St. Louis em troca da prata, para reduzir o peso do material transportado, valendo 13 mil dólares. Tudo está seguramente acomodado em potes de ferro com tampas de ferro. A cripta encontra-se forrada com pedras, os potes permanecem sob pedras e mais pedras. O texto número 1 indica a exata localização da cripta, desse modo não haverá dificuldade em encontrá-la.”
Verdade ou mito?
Como já foi mencionado acima o assunto gera bastante interesse entre os norte americanos, o que acabou resultando em muitos debates a respeito da veracidade do documento. Esses debates se focam principalmente na veracidade dos dois documentos ainda não decifrados, pois os mesmos não usam a mesma chave de cifragem do primeiro (a declaração de independência).
Em 1934, o Dr. Clarence Williams, pesquisador da Biblioteca do Congresso, disse: "para mim, a história do folheto tem todos os sinais de ser uma fraude, não existem evidências que confirmem que o misterioso autor tivesse as páginas cifradas".
Além disso, a história tem várias inconsistências e se baseia quase inteiramente em provas circunstanciais e rumores. Muitos criptoanalistas também declaram que os dois criptogramas restantes têm características estatísticas que sugerem que não é realmente uma criptografia feita a partir de um texto em inglês.
Alguns pesquisadores também questionam o motivo que levou Beale a escrever três diferentes textos cifrados usando, pelo menos, duas chaves para transmitir uma única mensagem.
Por outro lado, existem fontes que dão evidências da autenticidade da história de Beale. Um exemplo, se as duas páginas restantes e não decifradas fossem uma fraude, seria certo que o falsificador usasse uma sequência de números ao acaso e desse modo o resultado da decifragem seria sem nexo. Porém, muitos criptoanalistas encontraram certos padrões nos textos cifrados que indicam que os mesmos passaram por um processo de cifragem.
Esse fato mencionado acima, faz muitas pessoas acreditarem na história, pois para elas não seriam nenhum absurdo que duas ou três chaves diferentes tenham sido usado para cifrar todo o documento. Esses grupos de pessoas, que acreditam nessa hipótese, rebatem os especialistas que julgam que os documentos 1 e 3 são falso pelo simples fato de que ainda não foi decifrado, citam o caso do Manuscrito de Voynich, texto muito antigo e ainda não decifrado.
Thomas Beale realmente existiu?
Uma busca nos registros do U.S. Census (censo americano) de 1810 mostra duas pessoas com o nome Thomas Beale, uma em Connecticut e a outra em New Hampshire. No entanto, naquela época, faltavam os dados dos moradores de sete estados, um território, o Distrito de Colúmbia, e 18 dos condados da Virgínia. O Censo americano de 1820 tem duas pessoas chamadas Thomas Beale, uma na Louisiana e outra no Tennessee, e um Thomas K. Beale na Virgínia. Mas, outra vez, faltavam os dados dos moradores de três estados e um território.
Antes de 1850, o Censo americano registrava apenas os nomes dos chefes de família, outros na casa eram apenas contados. Beale, se de fato existiu, poderia ter vivido na casa de alguma família e, portanto, não apareceria na lista.
Além disso, um homem chamado 'Thomas Beall' aparece na lista de clientes do Departamento de postagem de St. Louis em 1820. Segundo o panfleto, Beale enviou uma carta de St. Louis em 1822.
Uma história indígena
Um relato um tanto semelhante ao descrito acima pode ser encontrado em uma lenda dos índios Cheyenne que fala sobre grandes quantidades de ouro e prata sendo retirados do Oeste e enterrado nas montanhas. Segundo essa lenda esse tesouro teria sido enterrado aproximadamente em 1820.
Fonte: Noite Sinistra
Uns acreditam que tais cifras sejam uma farsa, já outros acreditam se tratar de algo real. Minha opinião é neutra, o que não falta mundo a fora são mistérios sem solução.
Comentários
Postar um comentário