Ralph de Coggeshall, abade de um mosteiro em Essex, nos conta a história de alguns pescadores de Suffolk, que, em um certo dia de 1161, capturaram um homem selvagem nu em suas redes, perto da aldeia de Orford. O "tritão", como o chamaram, tinha uma longa barba desgrenhada e um peito muito peludo, mas sua cabeça era quase totalmente careca. A criatura foi levada para o Castelo de Orford, onde Bartolomeu de Glanville era governador. O estranho ser foi jogado na masmorra e torturado para fazê-lo falar.
Sem informações, os moradores não conseguiam decidir se a criatura era um peixe ou um homem, tão confortável estava ela em terra como estava no mar. Os aldeãos pensaram que o estranho prisioneiro poderia ser um espírito maligno no corpo de um marinheiro afogado.
O "tritão" não demostrava nenhuma crença em Deus, nem conhecimento algum dos rituais cristãos. Ele comia o que lhe era dado, mas sempre espremia o suco de um peixe cru sobre a refeição antes de comê-la. Depois de um tempo, seus captores decidiram deixá-lo voltar para o mar, para que pudesse exercitar-se, mas não antes de cercá-lo com redes. Apesar das precauções, o tritão conseguiu romper as redes e fugir, surpreendendo os espectadores com sua agilidade na água. A criatura foi recapturada, mas escapou novamente depois de dois meses para nunca mais ser vista.
Essa é uma lenda da Idade Média bastante conhecida e foi sendo contada de boca em boca através do tempo, não se pode comprovar a vericidade de tal fato, mas de certo modo não duvido que seja verdade, já que os humanos pouco conhecem os oceanos (ninguém imagina o que pode existir nas profundezas do oceano), é por esse motivo que sinto atração por tais assuntos.
O medo que eu poderia ter do desconhecido, transformo em curiosidade.
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